[...]
E depois de um suspiro ela falou:
- Sou dividida.
Em inúmeras gavetinhas.
Todas preciosas:
A do amor é a preferida.
Tem a das artes... das letras soltas... entretenimento...
Dos detalhes... dúvida... objetividade...
Dos projetos...Da paciência, que ultimamente anda um pouco vazia.
Das lembranças ,sempre cheia.
Aquela que contém a dor ,às vezes, mesmo sem querer abre-se e não gosto.
A do medo evito sempre , de tempos em tempos fica cheia demais e tenho que jogar alguns fora.
Muitas e muitas.
É onde guardo os fatos essenciais da vida
e as coisas que contam e que não contam para o mundo cruel.
Vez em quando vasculho tudo...
As gavetas, uma por uma.
É preciso
E são tantas que talvez me pergunte, em alguma hora, o por quê de não juntá-las numa síntese rigorosa.
Pois bem, Juntar-me daria tanto trabalho que levaria décadas imersa numa incansável tarefa de organização.
Isso estender-se-ia muito e acabaria surgindo partes dentro de outras partes independentes.
Entende?
- Talvez um dia.
[...]
2 comentários:
Lindo... consigo perceber o que se passa e quando se passa, eu sei...
E aí está a sua riqueza.
Beijos,
Sabe mesmo.
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