quarta-feira

[...]

E depois de um suspiro ela falou:

- Sou dividida.

Em inúmeras gavetinhas.

Todas preciosas:

A do amor é a preferida.

Tem a das artes... das letras soltas... entretenimento...

Dos detalhes... dúvida... objetividade...

Dos projetos...Da paciência, que ultimamente anda um pouco vazia.

Das lembranças ,sempre cheia.

Aquela que contém a dor ,às vezes, mesmo sem querer abre-se e não gosto.

A do medo evito sempre , de tempos em tempos fica cheia demais e tenho que jogar alguns fora.

Muitas e muitas.

É onde guardo os fatos essenciais da vida

e as coisas que contam e que não contam para o mundo cruel.

Vez em quando vasculho tudo...

As gavetas, uma por uma.

É preciso

E são tantas que talvez me pergunte, em alguma hora, o por quê de não juntá-las numa síntese rigorosa.

Pois bem, Juntar-me daria tanto trabalho que levaria décadas imersa numa incansável tarefa de organização.

Isso estender-se-ia muito e acabaria surgindo partes dentro de outras partes independentes.

Entende?


- Talvez um dia.

[...]

2 comentários:

Cr. M. disse...

Lindo... consigo perceber o que se passa e quando se passa, eu sei...

E aí está a sua riqueza.

Beijos,

Erika M. disse...

Sabe mesmo.